Nos dias 9 e 10 de julho, o Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, recebeu o seminário internacional Cannabis medicinal: um olhar para o futuro. Promovido pela Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi), com apoio da Fiocruz, o evento contou com médicos, cientistas e advogados que debateram o acesso, a pesquisa e a regulamentação do uso da cannabis para fins medicinais. A Fiotec foi representada pelo diretor executivo, Hayne Felipe.
Durante a abertura, o neurocientista Sidarta Ribeiro, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), enumerou diversas enfermidades tratáveis com cannabis medicinal, como o autismo infantil, a depressão, a epilepsia, a esclerose, esquizofrenia, o Parkinson, entre outras. “A cannabis é o remédio do século 21 e significa praticamente uma farmacopeia inteira. Ainda neste século veremos a cannabis ser a primeira escolha médica para muitas doenças”, destacou.
Em sua fala, o coordenador de Relações Interinstitucionais da Fiocruz, Valcler Rangel, chamou atenção para a utilização da cannabis em diversas enfermidades como uma questão de saúde pública e ressaltou que a Fiocruz vai pôr recursos em pesquisas que mostrem os avanços e tratamentos possíveis. “É preciso construir políticas públicas baseadas em pesquisas científicas que, em todo o mundo, comprovam os benefícios da cannabis medicinal. Para isso, é necessário mobilizar a sociedade, informando-a desses êxitos e combatendo preconceitos”.
No segundo dia de seminário, o líder indígena e ambientalista, Ailton Krenak, refletiu sobre os estigmas que a cannabis sofre na sociedade. “A cannabis é uma entidade que precisa ser tratada com respeito. É preciso aceitar que, para muitos, tem um efeito curativo, possibilitando viver com menos dor e desconforto, para outros é uma busca pela transcendência. Não podemos discriminar uma planta por causa de valores morais e culturais, isso é um erro grave”.
Além dos usos tradicionais e milenares da cannabis na medicina, o evento debateu temas como o custo da guerra às drogas e os avanços obtidos por pesquisadores em diversos países. As palestras também destacaram que o acesso à cannabis medicinal já está legalizada em 36 estados nos Estados Unidos e em diversos países, como Alemanha, Israel, Canadá, Argentina, entre outros.
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias (AFN).