Um grupo de colaboradores da Fiotec participou de uma excursão não muito comum na manhã do dia 9/7. A van que saiu do Prédio da Expansão às 10h, tinha como destino Jardim Gramacho, no município de Duque de Caxias. A visita teve como objetivo entregar as doações arrecadadas pela campanha “Doe Dignidade”, além de apresentar aos colaboradores presentes a realidade vivida pelos moradores da comunidade que se desenvolveu no entorno do Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, hoje já desativado.
Em um primeiro momento da visita, o grupo conheceu a atuação do Projeto “Ide Missões”, responsável pelo recebimento e distribuição das doações arrecadadas pela campanha realizada na Fiotec. Além de Elisângela Jaques, idealizadora da iniciativa, os colaboradores Gustavo Amaral e Janaina Campos (Assessoria Técnica), Gabriela da Silva (Projetos), Nathany Prado (Logística), Flavia Estill (Projetos Especiais), Janete Luciano (Recursos Humanos), Luana Duarte (Administração Financeira e Contábil) tiveram uma grata surpresa ao conhecerem as atividades oferecidas pelo “Ide Missões”.
Além de possibilitar uma melhor alimentação para as famílias cadastradas, com direito a quatro refeições diárias, o projeto propõe a formação profissional da população de Jardim Gramacho. Estão em andamento também cursos de informática, costura, cozinha industrial e corte de cabelo. O espaço ainda oferece atendimento médico e aulas preparatórias para os jovens que farão o ENEM e provas de vestibular.
Dar o peixe e ensinar a pescar
O projeto “Ide Missões” começou timidamente e hoje em dia já desenvolve inciativas inovadoras, como o incentivo à criação doméstica de peixes e plantio de hortas. O professor e pastor Anderson Leite, entusiasta do projeto, conhece muito bem a região e acredita que seu destino era trabalhar junto à comunidade. “Cheguei a Jardim Gramacho em setembro de 2009 e fiquei até novembro procurando um lugar para abrigar a escolinha de judô que eu queria começar aqui. Não conseguia encontrar nada, até que um amigo meu, também lutador, com quem não falava há uns dois anos, me ligou, dizendo que o pai dele tinha um galpão em Jardim Gramacho que poderia me ceder. Foi assim que nosso projeto começou”, relatou.
Anderson acredita que não basta dar às pessoas o que comer, é preciso oferecer o conhecimento e as condições para que elas possam construir um futuro melhor. “Nós não devemos praticar o assistencialismo apenas, e sim permitir que as pessoas cresçam, pelo trabalho. Não é simplesmente dar o peixe, temos que ensinar a pescar”, concluiu.
A vida em meio a lixo e porcos
Depois de serem apresentados ao projeto, os colaboradores puderam conhecer a triste realidade das pessoas que vivem na comunidade de Jardim Gramacho. Em meio a porcos e montanhas de lixo que ainda são vistas, mesmo com o fechamento do aterro sanitário, transitavam mulheres e crianças. A maioria não calçava sequer um par de chinelos. Muitas das famílias que moram ali ainda sobrevivem do que retiram do lixo, despejado ilegalmente pelas empresas de limpeza urbana, na calada da noite.
“Sou também estagiária de Serviço Social e atuo em uma comunidade do Rio de Janeiro que apresenta um outro tipo de realidade e de questão social. Ver de perto a condição de miserabilidade em que vivem as pessoas em Jardim Gramacho me fez pensar como isso pode ser possível. Pessoas sem nenhuma auto-estima ou perspectiva de melhora, sofrendo uma escravidão diferente da que houve no passado, a escravidão da acomodação e impotência diante de toda essa situação”, comentou Janete Luciano.
Ainda assim, a assistente demonstrou entusiasmo com a intervenção, mais que necessária, do projeto “Ide Missões”, na realidade de quem vive na comunidade. “Os programas de combate à fome e incentivo ao esporte e cultura, desenvolvidos ali, parecem estar dando resultado. A ideia de ensinar as pessoas a criar tilápias [tipo de peixe] me chamou muito a atenção. Com certeza ajudará no sustento das famílias e matará a fome de muitas outras”, destacou. “Como seres humanos, temos a obrigação de nos incomodar com a situação de miserabilidade em que muitas pessoas vivem”.
Campanha ‘Doe Dignidade’ foi um verdadeiro sucesso. Confira a quantidade de itens arrecadados:
Alimentos
Feijão: 42 quilos
Arroz: 68 quilos
Macarão: 65 quilos
Sal: 15 quilos
Açúcar: 21 quilos
Biscoito: 82 pacotes
Água: 162 litros
Óleo: 46 litros
Leite: 53 litros
Roupas
370 peças
Sapatos
33 pares
Mochilas e Bolsas
5 itens