Organizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, foi realizada entre os dias 29 e 31 de março, em Manaus-AM, a Reunião 2011 de Avaliação e Planejamento do Programa Brasileiro de Eliminação da Oncocercose (PBEO), que é apoiado pela Fiotec. O objetivo do encontro foi apresentar os avanços obtidos desde agosto de 2010 e programar linhas de atuações futuras. A meta é eliminar a doença nas Américas até 2012.
Com tema central “Onde e como estamos no projeto de eliminação até o ano de 2012?”, o encontro contou com a presença de representantes do Programa Nacional de Eliminação de Oncocercose nas Américas (OEPA) e da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). Representando a Fiotec, estiveram presentes o coordenador de Projetos Aílton Canuto e o analista de Prestação de Contas, Luís Ordonho.
No foco Amazônico do Brasil, o Programa selecionou três polos base como sentinelas: Xitei, Tootobi e Balawaú. Nesses locais, foram realizadas Avaliações Epidemiológicas em Profundidade (EEP), das quais fazem parte avaliações parasitológicas, oftalmológicas, serológicas e entomológicas, antes de iniciar o tratamento.
De acordo com Marilza Herzog, chefe do Laboratório de Referência Nacional em Simulídeos e Oncocercose do IOC, o avanço até agora foi visível. “Estamos trabalhando de forma integrada com os outros órgãos que fazem parte do PBEO e ganhamos mais agilidade. Entre outras ações, capacitamos os técnicos da SESAI em Boa Vista, Roraima, nos procedimentos operacionais padrões do LSO/IOC/Fiocruz & OEPA, para obtenção das amostras entomológicas em área hiperendêmica do foco Yanomami. Também realizamos o acompanhamento in locu, pelo menos uma vez por ano, do trabalho que eles realizam”, concluiu a pesquisadora.
Sobre a Oncocercose
Descoberta primeiramente na África, em 1875, onde tomou uma proporção de doença endêmica, a oncocercose teve sua transmissão desvendada apenas em 1926, e seu primeiro caso no Novo Mundo se deu no ano de 1915 na Guatemala. Foram detectados casos no México, Colômbia e Venezuela antes de chegar ao Brasil, em 1967. Atualmente, dos 18 milhões de infectados no mundo, 99% localizam-se na África, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A oncocercose é uma doença parasitária causada pela filária Onchocerca volvulus que se desenvolve por até 15 anos e gera adultos de até 80 cm no corpo do hospedeiro humano. Transmitida por meio da picada de mosquitos do gênero Simulium - popularmente conhecidos como borrachudos - essa parasitose é raramente letal, porém segue como a segunda causadora de cegueira infecciosa na África. Essa cegueira é causada por uma reação inflamatória contra o parasita e, por isso, a oncocercose é conhecida como “cegueira dos rios”.
No Brasil, a doença atinge a população indígena Yanomami, na região do Amazonas, especialmente em Roraima. Por meio de acordo definido pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS), Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, México e Venezuela, países que integram a OEPA, assumiram o compromisso de eliminar a doença nas Américas até 2012.
Foto: Edvaldo Yanomami
Fonte: IOC (texto modificado)