Alto número de óbitos em domicílios levanta alerta sobre desassistência da saúde no Rio - Fiotec

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Icict/Fiocruz

(Foto: Reuters/Flavio Lo Scalzo)

O município do Rio de Janeiro voltou a apresentar alto número de óbitos ocorridos nos domicílios, bem como um grande excesso de mortes em relação aos anos anteriores. Esses são dois fortes indicadores de que a cidade pode estar enfrentando um quadro sério de desassistência geral do sistema de saúde municipal — que não se restringe aos hospitais, mas se concentra principalmente na rede de atenção básica e no sistema de vigilância em saúde.

De acordo com dados da própria Secretaria de Saúde do Rio, somente nos meses de abril a setembro ocorreram cerca de 27 mil óbitos acima do esperado — com base em anos anteriores —, sendo 13 mil deles causados diretamente pela Covid-19. Outras 1 mil pessoas morreram dentro de domicílios – ou seja, fora de qualquer hospital ou outra unidade de saúde e, provavelmente, sem assistência médica. Além disso, os dados apontam que, de março a setembro, houve 1,8 mil mortes além do esperado classificadas com “causas mal definidas”, sem diagnóstico, outro possível indicador de desassistência médica. 

“Os dados mostram que, mesmo entre os casos de Covid-19 que foram internados em hospitais, a maior parte dos óbitos ocorreu fora das UTIs. O conjunto desses indicadores aponta fortemente para a incapacidade do sistema municipal de Saúde de atender a casos graves da doença. Indicam ainda que podemos estar perto de um novo colapso do sistema, pois os novos casos, que irão gerar maior demanda de atendimento, estão aumentando rapidamente, de forma muito preocupante”, comenta Christovam Barcellos, pesquisador de saúde pública e vice-diretor do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz).

De acordo com Nota Técnica do Monitora Covid-19, do Icict, intitulada Óbitos em excesso, dentro e fora de hospitais, mostram quadro de desassistência à saúde no Município do Rio de Janeiro, a capital fluminense ultrapassou a cidade de São Paulo nas duas últimas semanas: 500 contra 400 óbitos médios diários. O Rio vinha registrando uma “ligeira tendência de queda” no número de óbitos, porém de forma irregular, com altas ocasionais a partir de agosto, o que seria sinal da “vulnerabilidade da cidade a novos surtos ou mesmo a retomada dos padrões de transmissão do início do ano”.


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