O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC) estão desenvolvendo um estudo pioneiro para entender se existe relação entre a exposição dos animais de estimação à Covid-19 e infecção humana pelo vírus. O estudo conta com o apoio do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC, que é referência nas Américas para o estudo sobre o coronavírus.
A pesquisa está acompanhando o caso de 21 pacientes e 39 animais, sendo 29 cães e 10 gatos, da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que se infectaram entre maio e outubro de 2020. Após a confirmação dos casos humanos, os pesquisadores analisaram as amostras nasofaríngeas e retais dos animais, além de realizarem o Teste de Redução e Neutralização de Placas (PRNT90), para verificar se teriam desenvolvido anticorpos contra a doença.
Segundo Guilherme Calvet, coordenador do estudo, os principais resultados demonstraram que, em 21 domicílios diferentes, quase a metade apresentou um ou mais animais com resultados positivos para infecção pela Covid-19 de 11 a 51 dias após o aparecimento dos primeiros sintomas de seus tutores. Em 46% dos animais infectados apareceram sinais clínicos leves e reversíveis, que poderiam ser associados ao vírus, e foi observado que os animais castrados são os mais suscetíveis.
Os resultados foram publicados na revista científica internacional Plos One e os casos foram notificados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, que os apresentou na plataforma The World Organization for Animal Health (OIE).
O estudo conclui que, ao estar com o exame positivo para coronavírus, o indivíduo precisará não só fazer o distanciamento social de outras pessoas, mas de seus animais de estimação, que também podem ser infectados. A carga viral presente nesses animais são baixas o suficiente para não transmitirem para humanos, por isso, não há motivo de abandoná-los caso testarem positivos para doença. Ou seja, os humanos podem transmitir para humanos e animais, mas os animais não transmitem para humanos.