O Brasil ainda não atingiu a meta de cobertura vacinal para a maioria dos imunizantes do calendário básico infantil em 2022, segundo dados preliminares do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Somente a BCG (que previne formas graves da tuberculose) alcançou a meta de vacinar 90% dos bebês abaixo de um ano.
A situação é mais grave quando se trata da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetraviral (que inclui a primeira dose da varicela, além de sarampo, caxumba e rubéola) e hepatite A - que estão com cobertura inferior a 50% da população-alvo, de acordo com análise do Observa Infância (Fiocruz/Unifase).
De acordo com dados disponíveis até novembro, duas em cada três crianças no Brasil não completaram a imunização contra sarampo, caxumba e rubéola ao longo do segundo ano de vida. Enquanto a tríplice viral, aplicada a partir dos 12 meses de idade, tem a menor cobertura do calendário básico infantil.
A cobertura nacional contra DTP (difteria, tétano e coqueluche), poliomielite, PCV (pneumocócica), MenC (meningite C), hepatite B e Hib (Haemophilus influenzae tipo B) ficou acima de 70%, mas ainda longe da meta. Já a vacina contra a febre amarela só chegou a 55% da população-alvo.
“2022 não é um caso isolado. Ao longo da última década, o que vemos ano após ano é um cenário de queda constante nas taxas de vacinação. É possível que alguns municípios ainda alcancem a meta para algumas vacinas, já que os dados ainda estão incompletos, mas no cenário nacional dificilmente veremos uma mudança tão abrupta, ainda mais se considerarmos a tendência dos últimos anos”, afirma Patricia Boccolini, coordenadora do Observa Infância.
Observa Infância
O Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) é uma iniciativa de divulgação científica para levar ao conhecimento da sociedade dados e informações sobre a saúde de crianças de até 5 anos. O objetivo é ampliar o acesso à informação qualificada e facilitar a compreensão sobre dados obtidos junto a sistemas de informação nacionais.
As evidências científicas trabalhadas são resultado de investigações desenvolvidas pelos pesquisadores Patricia e Cristiano Boccolini no âmbito do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.
Fonte: Portal Fiocruz.