Fruto do projeto desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e apoiado pela Fiotec, a Sociedade Moçambicana de Medicamentos (SMM) – fábrica de antirretrovirais e outros medicamentos – começou a operar no último sábado (21/7). Instalada na capital Maputo, a unidade fabril é a primeira instituição pública no setor farmacêutico do continente africano. A iniciativa faz parte do acordo de cooperação entre os dois países e deve beneficiar cerca de 2,7 milhões de pessoas que vivem com HIV/Aids em Moçambique.
Nesta primeira etapa, serão rotulados 3.255 frascos de Nevirapina 200 mg, o que equivale a 195.300 unidades farmacêuticas. Inicialmente serão produzidos três antirretrovirais - Lamivudina+Zidovudina, Nevirapina e Ribavirina - num total de 226 milhões de unidades farmacêuticas por ano. Futuramente, outros cinco serão incluídos na lista. A tecnologia para desenvolvimento e produção dos medicamentos será transferida gradualmente por Farmanguinhos.
Além dos antirretrovirais, há previsão de fabricar 21 tipos diferentes de medicamentos, entre os quais antibióticos, antianêmicos, anti-hipertensivos, antiinflamatórios, hipoglicemiantes, diuréticos, antiparasitários e corticosteróides. A estimativa é que a fábrica produza cerca de 371 milhões de unidades farmacêuticas por ano, incluindo antirretrovirais e demais medicamentos.
Estiveram presentes ao evento de sábado o vice-presidente da República, Michel Temer, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Jorge Bermudez, e o diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe. Do lado moçambicano, participaram o ministro da Saúde, Alexandre Manguele, o presidente do Conselho de Administração do Instituto de Gestão das Participações do Estado (Igepe), Apolínio Panguene, o presidente da SMM, Alcino Ndeve, e a diretora-executiva da SMM, Noémia Muissa.
De acordo com a Coordenadoria de Comunicação Social da Fiocruz (CCS), em seu discurso, Paulo Gadelha afirmou que, além da viabilização da fábrica, haverá capacitação de recursos humanos para a área, até então inexistente em Moçambique. A Fiocruz vai ajudar também o país a construir um aparato regulatório na área de saúde. Assim, a fábrica terá a perspectiva de ser certificada internacionalmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e de fornecer medicamentos para toda a África subsaariana.
Apoio brasileiro
O apoio do governo brasileiro, orçado em cerca de US$ 23 milhões, contempla todas as etapas de implantação, passando pelos estudos de viabilidade, aquisição de equipamentos, transferência de tecnologias, capacitação técnica, validação e registros, e submissão de certificações de âmbito nacional e internacional. O apoio estende-se ainda à elaboração do plano de negócios e ao fornecimento de diretrizes para a sustentabilidade da organização.
A epidemia
Com aproximadamente 24 milhões de habitantes, Moçambique sofre com uma epidemia da doença que atinge 11,3% da população, conforme dados do Conselho Nacional de Combate ao HIV/Aids (CNCS) daquele país. Ainda segundo o CNCS, 15% das moçambicanas grávidas entre os 15 e 49 anos de idade vivem com o vírus.
A epidemia tem um caráter heterogêneo em termos geográficos, socio-demográficos e socioeconômicos: mulheres, residentes urbanos, moradores das regiões sul e centro são mais afetados pelo HIV e Aids. A principal via de transmissão continua a ser heterossexual em cerca de 90% dos casos em adultos.
Clique aqui e assista a um vídeo de apresentação da fábrica.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social da Fiocruz (CCS)