Por todo o mundo, muitas gestantes lidam com a falta de acesso aos sistemas de saúde e de um acompanhamento pré-natal de qualidade que garanta a sua saúde e a do bebê. As complicações de prematuridade lideram as causas de mortalidade infantil no mundo. Reconhecer o quanto antes que um bebê nasceu prematuro e necessita de cuidados especiais pode evitar diversas doenças na infância e na vida adulta. Pensando nisso, uma iniciativa denominada “Premiee-Test” vem sendo desenvolvida desde 2015 por pesquisadores brasileiros, com patrocínio da Fiocruz e da Grand Challenges Canada.

Visando cenários de baixos recursos, onde o nascimento prematuro mais acontece e, ao mesmo tempo, a incerteza da cronologia da gravidez é um desafio, o projeto buscou validar essa nova tecnologia que poderá informar a idade gestacional de um recém-nascido, quando ela é desconhecida ou imprecisa, no primeiro dia de vida.

A Fiotec apoiou diretamente a gestão dos recursos nacionais e internacionais que viabilizaram o estudo de validação do equipamento. “Esse apoio ocorreu através de orientações, análises e controle do planejado x realizado, integração entre o financiador e a pesquisadora, bem como apoio aos bolsistas que realizavam pesquisas no Brasil e em Moçambique, aquisições de materiais e gestão da execução financeira juntamente com o acompanhamento do cronograma de pesquisa garantindo que o projeto permanecesse no caminho certo”, explicou Semiramis Alves, analista de projetos de execução internacional da Fiotec.

Resultados da nova tecnologia

De acordo com Zilma Reis, médica obstetra e coordenadora científica do projeto, o equipamento médico “Preemie-Test” consiste em tocar a pele do pé do bebê por alguns segundos e capturar a maturidade da pele pela interação da luz que emite com os componentes biológicos deste tecido. Em seguida, o operador insere algumas variáveis clínicas como o peso ao nascer. Um algoritmo de machine learning (inteligência artificial) realiza a estimativa da idade gestacional, ou seja, da duração da gravidez.

Um estudo realizado em cinco hospitais brasileiros com 781 bebês recém-nascidos mostrou que a cada 100 bebês, 91 foram corretamente classificados como prematuros ou não pela nova tecnologia. Um outro estudo realizado em parceria entre hospitais brasileiros e de Moçambique avaliou 305 bebês recém-nascidos de um grupo especial chamado de baixo peso (nascidos com peso menor que 2,5kg), portanto com riscos maiores de complicações que os demais. O resultado mostrou que 96% dos bebês prematuros foram detectados pelo Preemie test.

A tecnologia foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como tecnologia emergente para cenários de baixos recursos. “Além do teste, o aplicativo Preemie Care informa ao usuário que cuidados deve prestar ao bebê nos primeiros momentos a seguir do nascimento, utilizando recomendações de base científica reconhecidas pela OMS, na forma de imagens e frases objetivas de fácil compreensão. Encontra-se disponível para download gratuito nas lojas de aplicativo”, pontua a coordenadora do projeto.

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