O Centro de Integração de Dados e Conhecimentos em Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) realizou o seminário internacional “Do local ao global: as contribuições do Brasil para a saúde mental”, nos dias 3 e 4 de julho. Com foco no impacto dos determinantes sociais da saúde mental e do programa Bolsa Família, o evento reuniu pesquisadores de renome mundial na área, como Vikram Patel e John Naslund (Harvard), Daiane Machado (Cidacs/Fiocruz e Harvard) e Maurício Barreto (Cidacs/Fiocruz). Thiago Lima, Renata Alves e Erica Nascimento, da equipe de Projetos, representaram a Fiotec no evento.
De acordo com Thiago, foi importante acompanhar os resultados obtidos pela pesquisa de perto. Além de ter a oportunidade de mostrar às pessoas chave do estudo como PI, Co-PI, coordenadores da Fiocruz, a atuação da Fiotec no processo de gerenciamento, desde a fase de submissão, até o final da execução do projeto. “A Fiotec participou desde o início da iniciação do projeto, com a submissão junto ao National Institutes of Health (NIH) e contratação e parceria junto à Harvard e ainda, hoje, na execução do mesmo”, diz.
O objetivo do evento foi demonstrar para a sociedade a importância da saúde física e mental, principalmente em jovens, que são acometidos por casos de ansiedade, pânico e aumento na taxa de suicídio. Foram apresentados dados quantitativos adquiridos através das coortes populacionais proporcionadas pelo Cidacs.
A iniciativa faz parte do projeto “Impacto dos determinantes sociais e das transferências de renda na saúde mental dos jovens”, uma parceria do Cidacs com a Universidade de Harvard, com financiamento do National Institutes of Health (NIH) e liderança da pesquisadora associada ao Cidacs e Harvard, Daiane Machado.
Determinantes sociais e saúde mental
Estudos anteriores do Cidacs/Fiocruz apresentaram que o Programa Bolsa Família (PBF), reduziu em mais de 50% as chances de suicídio da população brasileira beneficiada pelo programa social. Além disso, pesquisas do Centro apresentaram a relação de impacto na qualidade de saúde quando estas pessoas possuem certas especificidades, como questões étnicas, raciais, de gênero, entre outros fatores, quando associados aos determinantes sociais, como o contexto social, demográfico e econômico. Essas pesquisas, segundo Mauricio Barreto, são parte de inovações que foram constituídas no Centro, com ênfase para a Coorte de 100 Milhões de Brasileiros, que reúne dados de mais da metade da população brasileira, principalmente das pessoas de baixa renda e que estão na base de dados do Cadastro Único.
Dados do IBGE indicam que cerca de 13,5 milhões de pessoas estão abaixo da linha da pobreza; existem 11 milhões de brasileiros analfabetos, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e mais de 33 milhões de pessoas não têm acesso a serviços públicos ou privados de saúde, de acordo com dados do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps – 2022). Segundo Daiane, estudos e intervenções de saúde que não estejam refletindo com as desigualdades sociais e a relação dos determinantes sociais estariam cristalizadas em um modelo defasado.
Buscando avançar os estudos anteriores que provaram a redução dos riscos de suicídio pelas pessoas beneficiadas pelo PBF, o projeto liderado por Daiane busca entender o porquê que isso acontece, sem negligenciar os determinantes sociais e os fatores de risco à saúde mental. Para isto, estão sendo utilizados dados de hospitalização, mortalidade, dados de violência, socioeconômicos e demográficos individuais e municipais, bem como informações sobre a participação em programa governamental de abrangência nacional, ou seja, o PBF.
Com informações do portal Cidacs.bahia.
